
dias fumo e penso, só porque sei que não gostavas do sabor quente a nicotina nos meus lábios. Acalma-me acender o cigarro, segura-lo entre dedos e ver o fumo escapar-me da boca para mais uma noite de Abril, como me costumava acalmar a tua respiração perto do meu pescoço em Abril. Ar quente que te escapava da boca para a minha pele. Rendi-me a este hábito para me tornar numa pessoa que não conheças e me definir para lá da saudade que te tive. Tive que arranjar um remédio, uma solução. Talvez seja esta falsa sensação de paz ao acender um cigarro sob o meu sofá,enrrola-lo sabendo que haverias de sentir repulsa de mim. Agora tens um motivo para me odiares, uma razão. Enquanto avisto a cidade agitada e dou voltas às adormecidas memórias que ainda guardo de ti, pergunto-me se também pausas para pensar em mim. Ou no que te podes lembrar de mim, porque hoje me sinto outra mulher. Tudo me ajuda, aos poucos, a esquecer. Os avisos de cada cigarro que fumo, as tuas próprias palavras, "isto vai-te matar" como sempre me disses-te, mas respondo-te entre dentes que quem me matou foste tu e a tua falsa sensação de amor.
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